quinta-feira, 30 de junho de 2011

Hipotensão postural

Dá-se o nome de hipotensão postural ou ortostática à queda súbita de pressão sanguínea quando um indivíduo assume a posição ereta.

Pode ser causada por hipovolemia (diminuição da quantidade de sangue no corpo), resultado do uso excessivo de diuréticos e vasodilatadores, de desidratação ou de se assumir prolongadamente uma postura horizontal.

Com a queda de pressão o indivíduo tem um escurecimento de vista, sensação de desmaio, perde o equilíbrio e cai. Esta desordem pode estar associada com a aterosclerose, diabetes, doença de Addison e outras desordens neurológicas como a síndrome de Shy-Drager.

Alguns dos sintomas são: tonturas, visão turva e perda temporária de consciência.

Em idosos, pode haver hipotensão postural devido a dificuldade do retorno venoso. Dessa forma, no ato da medição da pressão arterial, o médico deve estar atento se o paciente realmente é hipertenso, ou a elevação é devido a "síndrome do jaleco branco" ou efeitos externos, a fim de não considera-lo hipertenso e medicar erroneamente o paciente com risco de Hipotensão grave.

Por isso é importante a identificação precoce dos idosos com maior chance de sofrerem quedas e, particularmente, aqueles que, além do risco de queda, apresentem também um risco aumentado de sofrerem lesões graves decorrentes da mesma. Os fatores de risco apontados na maioria dos estudos como mais determinantes para quedas são: idade igual ou maior a 75 anos, sexo feminino, presença de declínio cognitivo, de inatividade, de fraqueza muscular e de distúrbios do equilíbrio corporal, marcha ou de mobilidade, déficit visual, história prévia de acidente vascular cerebral, de quedas anteriores e de fraturas, comprometimento na capacidade de realizar atividades da vida diária, uso de medicações psicotrópicas, em especial os benzodiazepínicos, assim como o uso de várias medicações concomitantes.

A aterosclerose, o diabetes, a desidratação, o uso de determinadas medicações e o próprio envelhecimento, que dificulta o retorno venoso, são alguns dos fatores que podem levar à hipotensão postural. As intervenções para prevenção de quedas em idosos devem ser feitas individualmente caso a caso e devem incluir obrigatoriamente exercícios individualizados, treino de transferências posturais e de marcha, adequação de medicação com mudanças na prescrição quando necessário, identificação da existência de hipotensão postural e correção dos fatores causais quando possível, além de adequação ambiental que inclui, entre outras coisas: evitar pisos e calçados escorregadios, evitar calçados soltos no pé, evitar tapetes, não deixar fios passando pelo meio da casa, manter a residência bem iluminada, usar luzes de segurança/advertência à noite, etc.

Fonte: Dr. Paulo Casali – Especializado em Geriatria e 
Gerontologia pela UNIFESP - www.paulocasali.com.br / 

Fonte http://longevidade-silvia.blogspot.com/ 

segunda-feira, 27 de junho de 2011

O bem estar psicológico do homem pode garantir o prazer

O humor já não é mais o mesmo, os carinhos já não fazem mais parte da rotina do casal, e na cama então, nem se fala. O desinteresse sexual, apesar de ser mais comum entre as mulheres, também atinge a ala masculina. As razões são muitas e bem variadas. Além das mudanças que o corpo sofre ao longo do tempo, especialistas alertam para a importância da questão psicológica na busca pelo desejo perdido.

O interesse pelo sexo depende de um conjunto de fatores como, por exemplo, a saúde e o bem-estar físico, os relacionamentos interpessoais e o bom funcionamento da mente. E de acordo com o psicólogo Oswaldo Rodrigues, coordenador de pesquisas do Grupo de Estudos e Pesquisas do Instituto Paulista de Sexualidade (Inpasex), quando algum desses fatores vai mal, o rendimento na cama pode ser afetado.

“Se alguma coisa não anda bem, o homem pode sofrer com a diminuição do desejo sexual. A dificuldade em administrar as bases físicas, sociais e psicológicas produz e mantém essa queda do desejo. Isto significa que, mesmo que todos nos tenhamos problemas, o mais importante é pensar em como solucioná-los. E a dificuldade que o homem tem em lidar com os problemas, sejam eles de qualquer ordem, é exclusivamente psicológica”, garante ele.

Ovo de codorna, amendoim, banana, ostras, vale tudo para tentar recuperar o prazer no sexo. Porém, apesar de bastante antiga, a crença popular ainda não conseguiu provar sua eficiência. “A busca de algo externo que seja responsável pelo apetite sexual é muito comum em nossa cultura. E embora a procura seja tão antiga, ainda não encontraram nada similar que realmente produzisse algum tipo de interesse pelo sexo. Antes de qualquer coisa, é preciso querer melhorar. O desejo sexual exige que a pessoa se desenvolva em direção às atividades sexuais. Exige ação, exige que se tenha a intenção de mudar” aconselha o psicólogo.

Muito além de uma questão física, o bom sexo depende também do bom funcionamento da mente. Embora seja mais difícil para o homem, conversar, compartilhar problemas e buscar ajuda psicológica podem melhorar de vez a vida sexual. “Explicar um problema que não conhecemos é bastante difícil. Mas existe algo que este homem pode fazer: contar o que sente, sem precisar tentar explicar algo que não sabe, simplesmente desabafar. 

O segundo passo será dialogar com a parceira sobre o que ambos pretendem, aquilo que desejam do futuro. Assim, este homem terá apoio para buscar ajuda profissional correta e quem sabe, resolver seus problemas’, finaliza Rodrigues.

Autor: Psicólogo Oswaldo Rodrigues

sábado, 25 de junho de 2011

Como o tempo age sobre nós


O fotógrafo Nicholas Nixon é responsável por uma compilação de fotos bastante curiosa. Desde 1975, ele é responsável por fotografar quatro irmãs. A intenção é mostrar como o tempo age sobre nosso corpo. As imagens, em preto e branco, iniciaram mostram as irmãs que tinham de 15 a 25 anos. A mais velha delas, Bebe, é esposa do fotógrafo.

sábado, 18 de junho de 2011



Vídeo mostrando idosos dançando em um show
 de talentos. Se chegasse aos 80 anos,
 o pós star Michael Jackson dançaria assim?


Cuidar de Idosos

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Inscrições para a Seleção finalizadas!


Agradecemos a todos que efetuaram a pré-inscrição pelo blog da LAGERPE.
Informamos que o término do ato de inscrição está estabelecido.

Att.

LAGERPE

quinta-feira, 16 de junho de 2011

O Brasil daqui 20 anos!

Nota do Editor: Esse será o retrato do Brasil, daqui 20 anos, com uma população envelhecida, muitos idosos com mais de 80 anos totalmente dependentes de suas famílias (pequenas e de pouquíssimos filhos). A necessidade de cuidadores será extrema, principalmente com capacitação. No artigo abaixo, a jornalista cita várias vezes a palavra enfermeira, quando na verdade deveria dizer cuidadoras de idosos.

A população suíça está envelhecendo com rapidez, o que faz crescer a demanda por mão de obra especializada para cuidar de idosos. Muitos deles preferem continuar em casa, mas enfermeiras particulares são caras. O custo mensal para assistência de 24 horas ao dia fica entre 10 e 30 mil francos (US$10.950-32.800). A solução para muitas famílias é contratar estrangeiros, cujos salários são apenas uma fração dessa soma, mais casa e comida.

Apesar de não existirem dados exatos, o número de enfermeiros estrangeiros atuantes na Suíça deve aumentar a partir de 1° de maio. A partir da data, cidadãos de oito países da Europa do leste e membros da União Europeia poderão participar dos acordos de livre circulação de mão de obra, ou seja, dentre outros, ter acesso livre ao mercado de trabalho na Suíça.

“Os suíços não são pobres, mas não é qualquer um que pode se dar o luxo de manter uma enfermeira privada”, ressalta Bernhard Mascha, diretora da filial suíça da Seniorhilfe, uma agência eslovaca especializada na intermediação de enfermeiras eslovacas e húngaras para famílias na Suíça, Alemanha e Áustria.

Seniorhilfe engaja enfermeiras ou enfermeiros capazes de ajudar seus clientes em necessidades diárias como higiene ou caseiras como limpeza da casa, cozinha ou lavagem de roupas. O custo mensal é de três mil francos, dependendo da experiência da pessoa e do seu nível de alemão.

Uma família próxima à Interlaken (centro da Suíça) – ela pede para ser identificada apenas como “família G” – declara estar bastante satisfeita com os serviços fornecidos à mãe de 91 anos de idade e que sofre de demência. Um casal de enfermeiros se reveza nos cuidados com a idosa.

“Desde agosto nossa mãe está sob os melhores cuidados. A colaboração com as enfermeiras e a organização funciona perfeitamente. Nossa mãe recebe cuidados competentes e atenciosos por praticamente 24 horas por dia”, de acordo com a referência da família fornecida pela empresa.

Satisfazer as necessidades

“Há um mercado para esse tipo de serviço, pois senão eles não viriam para cá”, declara Andreas Keller, porta-voz da Spitex, à swissinfo.ch. Spitex é uma organização sem fins lucrativos que oferece serviços de enfermeiros e assistência caseira para idosos nos seus lares.

Keller revela que está se tornando cada vez mais comum para os funcionários da Spitex encontrar enfermeiros privados residentes nos locais durante suas visitas aos pacientes. As chamadas caseiras são custeadas pelo seguro de saúde, enquanto o serviço privado de enfermeiros não.

No cantão do Ticino (sul da Suíça), dois braços locais do Spitex avaliam atualmente como e se é possível colaborar com os enfermeiros privados. Uma dessas agências assumiu o papel de agência de emprego, intermediando enfermeiros privados para idosos e assegurando que todas as necessidades estão sendo atendidas corretamente. Ela prepara contrato de trabalho similares aos que são utilizados para empregados domésticos na Suíça. A taxa cobrada é de 1.750 francos e o salário anual é de 39.000 francos.

Língua e cultura

Apesar das vantagens, também é preciso fazer atenção no momento de contratar um enfermeiro privado. O primeiro quesito a levar em consideração são os conhecimentos de idiomas e de enfermagem.

“Pacientes com Alzheimer, por exemplo, necessitam 24 horas por dia de atenção. Para enfermeiros isso significa muito mais trabalho, até mesmo suíços que podem compreender exatamente o que essas pessoas estão falando. É preciso saber lidar com a língua e a cultura”, afirma Keller.

HausPflegeService, uma agência baseada no cantão de Zurique e que contrata primordialmente mão de obra na Alemanha. Assim como Keller, o diretor Hanspeter Stettler também considera muito importante o domínio da língua.

“A consciência cultural também é um fator. Nós temos uma semana introdutória e sessões contínuas de formação para ensinar nossos funcionários pequenas coisas como o fato de que o molho de salada é preparado de uma forma diferente na Suíça. As pequenas coisas são importantes para os idosos”, diz.

Concorrência indesejável

Questionado se se preocupa com a competição vinda da Europa do leste, Stettler nega. “Não realmente. Temos um conceito de acompanhantes com um bom nível profissional. Além disso, somos bastante conhecidos no mercado.”

Ao contrário de Stettler, a enfermeira autônoma Dagmar Michalina condena o afluxo de mão de obra barata. Essa residente na Basileia explica à swissinfo ter dois argumentos contrários à imigração.

“Em primeiro lugar, esses enfermeiros trabalham por uma ninharia, o que não está correto. Em segundo, penso que esses empregos devem estar destinados a pessoas que atualmente vivem e pagam impostos na Suíça.”

Michalina salienta que, como autônoma, não é muito fácil assegurar ter suficientemente trabalho durante o mês.

“Os enfermeiros do leste da Europa trabalham apenas por poucos meses ou um ano, com um salário fixo e estabilidade de emprego durante esse período. Eu ganho apenas por hora quando os clientes necessitam dos meus serviços”, afirma a enfermeira e completa. “E se um deles morrer hoje, então não tenho mais renda amanhã. Mas eu tenho uma família para sustentar aqui na Suíça, onde o custo de vida é tão elevado.”

Ganhar a vida

Renata é uma enfermeira polonesa. Ela trabalha na Basileia há dois anos. Na realidade ela é costureira, mas não conseguia encontrar um emprego na Polônia. Quando uma amiga contou-lhe sobre a possibilidade de trabalhar na Suíça, ela decidiu aproveitar a oportunidade.

De acordo com a legislação vigente, Renata só pode trabalhar por períodos de três meses. Mas agora ela gostaria de poder permanecer por mais tempo. Seu salário mensal é de 1.500 francos. Ela afirma que não é o que gostaria de receber, mas se considera uma felizarda.

“Trabalho para uma família especial. A mulher tem uma boa saúde, o que me permite sair à noite. E eu nunca preciso cozinhar. Porém conheço outros que não têm nunca horas de lazer e ganhar menos do que eu”, conta Renata.

Susan Vogel-Misicka – www.swissinfo.ch
Adaptaçao: Alexander Thoele
Extraído de: http://www.swissinfo.ch/por/sociedade/Os_estrangeiros_que_cuidam_dos_idosos_suico.html?cid=29837282
Cuidar de Idosos

segunda-feira, 13 de junho de 2011

O novo envelhecimento

O envelhecimento e a urbanização são tendências demográficas importantes no século 21. A população urbana, que já corresponde à metade da humanidade, dobrará até 2050, de acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU). Por outro lado, se hoje existem cerca de 600 milhões de pessoas com mais de 60 anos, em 2050 a população nessa faixa etária será de quase 2 bilhões.

A consequência disso é que a sociedade precisará repensar o lugar dos idosos nas cidades e implantar uma nova cultura do envelhecimento. Essa é uma das principais conclusões dos especialistas que participaram, no dia 29 de março, em São Paulo, da mesa-redonda “Aspectos urbanos e habitacionais em uma sociedade que envelhece”.

O evento integrou a programação do ciclo “Idosos no Brasil: Estado da Arte e Desafios”, promovido pelo Institutos de Estudos Avançados (IEA) da Universidade de São Paulo (USP), pelo Grupo Mais-Hospital Premier e pela Oboré Projetos Especiais de Comunicação e Artes.

Coordenada por David Braga Jr., do Grupo Modelo de Atenção Integral à Saúde (Mais), a mesa-redonda – a terceira do ciclo – teve a participação de Alexandre Kalache, da Academia de Medicina de Nova York (Estados Unidos), e de Guita Grin Debert, professora do Departamento de Antropologia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).

De acordo com Kalache, carioca que dirigiu por 13 anos o Programa Global de Envelhecimento e Saúde da Organização Mundial da Saúde (OMS), os dados da ONU mostram que a população mundial crescerá cerca de 50% (para 9 bilhões) até 2050. No mesmo período, a população acima de 60 anos terá aumentado 350%, sendo que a maior parte desse aumento ocorrerá nos países em desenvolvimento, cada vez mais urbanizados.

Essa perspectiva de futuro, segundo ele, deverá ser compreendida pela sociedade, que precisará desenvolver com urgência uma “cultura do envelhecimento” – o que inclui mudanças nas cidades e no comportamento ao longo da vida.

“É importante destacar que 2050 não é uma data distante. Os idosos de quem estamos falando são as pessoas que hoje já são adultas, que podem ter 20 ou 40 anos. Por isso, é fundamental personalizar a mensagem”, disse àAgência FAPESP.

Com os avanços da medicina e da própria sociedade urbana, a parcela da vida que um indivíduo passa na condição de idoso será cada vez maior, apontou o especialista. Com essa tendência, já ocorre uma mudança de paradigmas em relação ao que significa envelhecer. “A ideia da vovó fazendo tricô e do vovô de pijama, lendo jornal, é um estereótipo do envelhecimento que não nos serve mais”, disse.

Segundo Kalache, quando o prussiano Otto Von Bismarck implementou pela primeira vez a aposentadoria, no século 19, a expectativa de vida na Alemanha era de 45 anos e os idosos tinham muito menos acesso à saúde. Se continuassem trabalhando, teriam produtividade baixíssima e criariam muitas dificuldades no ambiente de trabalho.

“Era plausível dar um dinheirinho para que o idoso ficasse em casa pelos poucos anos que lhe restavam. É óbvio que isso não pode dar certo nas condições atuais, muito menos nas condições que teremos até 2050. É preciso que os jovens reinventem seu planejamento de vida”, afirmou.

No modelo convencional, a primeira etapa da vida era dedicada ao aprendizado, enquanto a segunda etapa era voltada para a produção e a aplicação do aprendizado no trabalho. A etapa final seria dedicada ao descanso e ao ócio.

“Não podemos mais pensar assim. A expectativa de vida é cada vez mais longa e as pessoas serão idosas por um período cada vez maior de suas vidas. Elas terão condições de produzir até uma idade bem mais avançada. Por outro lado, a pessoa não pode mais parar de adquirir conhecimento aos 25 anos de idade, pois o aprendizado fica obsoleto cada vez mais cedo”, disse.

Se a produção e o trabalho serão uma realidade cada vez mais presente na velhice, em contrapartida a aquisição de conhecimento não poderá mais ficar confinada apenas às primeiras décadas. “É do interesse da sociedade que a pessoa mantenha o aprendizado e que produza ao longo de toda a vida. As pessoas terão oportunidades – que a sociedade vai precisar oferecer – para se reciclar, estudar e se reavaliar”, afirmou.

De acordo com Kalache, a capacidade funcional dos indivíduos será preservada, cada vez mais, para além dos 65 anos. Com isso, espera-se que a aposentadoria compulsória possa ser revista. “Isso é saudável, porque o passado idealizado do idílio do pijama e do tricô é algo que talvez nunca tenha existido. Na maior parte dos casos, sob esse estereótipo se escondia um idoso sem autonomia, sofrendo abusos e deprimido”, disse.

O envelhecimento e a urbanização, segundo Kalache, são as duas principais tendências demográficas do século 21. O Brasil, segundo ele, é um modelo adequado para se observar essa realidade.

“Somos um país emergente já urbanizado, que envelhecerá mais do que qualquer outro. Mas temos que fazer nossa própria discussão sobre o envelhecimento. Os modelos do Japão, da Dinamarca ou da França não nos interessam. Esses países enriqueceram primeiro, depois envelheceram. Não teremos essa oportunidade. Se imitarmos esses modelos, vamos apenas perpetuar a desigualdade”, disse.

No Brasil, segundo Kalache, a população de mais de 60 anos passou de 8% para 12% nos últimos 30 anos. Na França, foram necessários 115 anos para que a proporção de idosos passasse de 7% para 14%.

“Por outro lado, a concentração urbana também foi vertiginosa no Brasil. Um terço da população vivia em cidades em 1945 e hoje essa proporção passou para 87%. Vamos precisar mudar a realidade do idoso no contexto urbano – e para isso é fundamental ouvi-lo e fazê-lo contar como é a experiência de ser idoso na cidade”, afirmou.

Kalache foi responsável pela publicação, em 2007, do Guia da OMS das Cidades Amigas dos Idosos, produzido com base em pesquisas em 35 cidades em todo o mundo, fundamentadas em entrevistas com grupos focais de idosos durante seis meses.

Uma das experiências do programa foi feita no bairro de Copacabana, no Rio de Janeiro, onde Kalache nasceu. Em 33 anos na Europa, o pesquisador fundou o Departamento de Epidemiologia do Envelhecimento da Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres, no Reino Unido. Hoje, trabalha na criação de um Centro Internacional de Políticas para o Envelhecimento. 

Questão pública

Guita Debert, que integra a coordenação da área de Ciências Humanas e Sociais da FAPESP e coordena o Núcleo de Estudos de Gênero Pagu da Unicamp, destacou que trabalhar com a velhice representa um enorme desafio, já que a questão passou por muitas modificações recentes.

Um dos principais panos de fundo dessa mudança é que a velhice, que historicamente dizia respeito à esfera privada, vem se tornando cada vez mais uma questão pública.

“A velhice passou a fazer parte da geografia social, por assim dizer. À medida que a gerontologia se consolidou como saber específico, criado para identificar necessidades do idoso, ela se tornou um ator político e também um agente do mercado de consumo”, afirmou.

Inicialmente focada na ideia do idoso como um indivíduo que perde os papéis que tem na sociedade, a gerontologia passou a mudar seu enfoque a partir da década de 1980.

“Em vez de um momento de perdas, a velhice passou a ser considerada um momento de lazer, de novas experiências e projetos. A velhice foi deixando de ter o sentido de uma perda do papel na sociedade e se tornou o momento de direito ao não-trabalho, na qual o lazer se torna central.”

Segundo Guita, o Brasil adquiriu know-how e sofisticação nas opções de lazer e atividades para os idosos. Mas isso se limita aos “jovens idosos”, isto é, aquela parcela que preserva sua autonomia funcional. “Há um grande contraste. Para os idosos que têm a autonomia funcional comprometida, estamos em estágio precário, não oferecemos nada”, afirmou.

Para integrar o idoso à cidade, segundo a pesquisadora, não basta levar em conta apenas a diversidade de poder aquisitivo, raça e local de moradia, entre outros fatores. É necessário também pensar nas diferenças de autonomia e capacidade.

“É preciso avaliar sobretudo as diferenças de custos de políticas públicas para os idosos ‘jovens’ e para os outros. É hipocrisia dizer que existe uma política para idosos, se ela só está beneficiando justamente a parcela que tem menos dificuldades. São boas iniciativas, mas têm foco apenas em uma parcela privilegiada dos idosos”, disse.

A antropóloga destacou também que as mudanças ocorridas no espaço urbano recentemente podem permitir um aprimoramento da autonomia do idoso. “Devemos fugir da confusão entre morar só e estar submetido à solidão. Principalmente porque hoje é possível operar com a ideia da intimidade a distância, viabilizada pelos meios de comunicação, sobretudo eletrônicos. E isso pode ocorrer até mesmo fora das relações familiares.”

Segundo ela, a gerontologia ainda valoriza profundamente a ideia de manter o idoso junto à família, fechado no universo privado. “É importante rever essa ideia, quando pensamos na cidade que acolhe o idoso”, afirmou.

Estudos realizados em ciências sociais, em especial na antropologia, mostram que se tinha pouca informação sobre a vida do idoso há 100 ou 200 anos, segundo Guita. Ainda assim, é provável, segundo ela, que a vida no seio da família tenha sido a preferência do idoso apenas quando ele não tinha a opção de ser autônomo.

A antropóloga sugeriu também que seja repensada a oposição entre integração e segregação. Segundo ela, os trabalhos sobre envelhecimento não confirmam a ideia de que a integração com sociedade multigeracional garante o bem-estar do idoso.

“Muitas vezes, nos ambientes onde todos são idosos, a velhice deixa de ser uma marca identitária e a satisfação passa a ser maior. Há uma busca de independência e de estar entre os iguais, de forma similar aos adolescentes. É importante não ter uma visão binária de segregação e integração”, afirmou.

A preservação da vida na comunidade é outra ideia predominante no senso comum, segundo Guita. Para preservar a qualidade de vida do idoso, nessa concepção, o indivíduo deveria permanecer sempre na mesma casa, ou bairro.

“Mas isso nem sempre é verdade, porque a dinâmica urbana é muito intensa. Os bairros podem passar por rápidos processos de degradação. Ou podem passar por um súbito enriquecimento, fazendo com que os antigos moradores desapareçam. Nesses casos, as perdas da coletividade estão muito presentes. A ideia de que a comunidade é sempre boa e deve permanecer deve ser revista”, disse.

A pesquisadora destacou também a importância de se dar voz aos idosos. “Essa já é uma ideia muito presente, mas é preciso valorizar a pluralidade de vozes. Não se pode ouvir representantes, mas os protagonistas, em toda sua diversidade. É preciso que haja vozes dissonantes”, disse.

Guita criticou ainda as políticas públicas brasileiras em relação ao novo papel assumido pela família quanto à responsabilidade pelo idoso. “Há uma hipocrisia nas políticas de distribuição de renda que têm enfoque familiar. Elas concentram as responsabilidades na família e, em especial nas mulheres, que acabam assumindo essas obrigações”, afirmou.

Fábio de Castro – Agência FAPESP
Extraído de:  http://www.agencia.fapesp.br/materia/13669/especiais/novo-envelhecimento.htm

sexta-feira, 10 de junho de 2011

Papel da Terapia Ocupacional nas Instituições de Longa Permanência

Colaboradora: Mariana Montagner *
* Terapêuta ocupacional e pós-graduanda do curso Saúde e Medicina Geriátrica da Metrocamp

Ações da Terapia Ocupacional com idosos institucionalizados

A Terapia Ocupacional gerontológica visa manter, restaurar e melhorar a capacidade funcional, mantendo o idoso ativo e independente o maior tempo possível. A atuação do Terapeuta Ocupacional tem como objetivo geral promover o desempenho dos idosos nas atividades de vida diária, nas atividades instrumentais de vida diária, nas atividades de trabalho e nas atividades de lazer. Então se torna fundamental definir as atividades de vida diária e as atividades instrumentais de vida diária, uma vez que são conceitos muito utilizados na prática do terapeuta ocupacional com idosos.

As atividades de vida diária referem-se às atividades relacionadas aos cuidados pessoais, tais como alimentar-se, banhar-se, vestir-se, e fazer higiene, mobilidade e comunicação funcional. As atividades instrumentais de vida diária referem-se às atividades relacionadas à administração do ambiente de vida e estabelecem relação entre o domicilio meio externo. Estas atividades incluem comprar e preparar alimentos, cuidar da limpeza da casa, lavagem das roupas, ou seja, capacidade para viver em comunidade, Barreto e Tirado (2006).

Na atuação com o idoso, a Terapia Ocupacional age como um facilitador que capacita o mesmo a fazer o melhor uso possível das capacidades remanescentes, a tomar suas próprias decisões e lhe assegurar uma conscientização de alternativas realísticas.

Através do estímulo ao auto-conhecimento e ao auto cuidado, gerando uma melhoria na auto-estima, o idoso tem condições de lidar com seus potenciais e a partir daí construir uma maneira própria de se relacionar com o meio social, atuando nele mais autonomamente. Basicamente, procura-se que o idoso tenha um desempenho mais independente possível, enfatizando as áreas de auto cuidado, do lazer, da manutenção de seus direitos e papéis sociais, segundo o Boletim do CRE (Ano VII n. 2).

A Terapia Ocupacional deve intervir também visando à qualidade de vida dos idosos, sempre considerando os processos de perdas próprias do envelhecimento e as possibilidades de manutenção de seu estado de saúde (Lacerda, 2005). Nesse sentido, a saúde não significa ausência de doença, mas, sim, uma condição de bem-estar físico, mental e social que leva o indivíduo a apreciar a vida e enfrentar os desafios do seu cotidiano, sendo, portanto, entendida pela multiplicidade de aspectos do comportamento humano,  Pitanga, 2004.
A Reabilitação Cognitiva é feita pelo Terapeuta Ocupacional, em que se busca resgatar e estimular o idoso nas atividades cognitivas e a atuar no seu cotidiano, através de atividades que mantenham os idosos ativos a concentração, seqüência do pensamento, atenção e a capacidade de fazer escolhas.  Como por exemplo, a leitura, jogo de xadrez, bingo, palavras cruzadas, fazer uso de anotações, organizar o ambiente, fazer uso de listas, quebra cabeças, jogo da memória, caça palavras, Secchi, 2008.

O processo Terapêutico Ocupacional se inicia com a identificação das habilidades e das limitações funcionais do idoso através da avaliação, que pode ser considerada o inicio do processo terapêutico. Com base nessas informações, são elaborados o planejamento e a implementação da intervenção, seguida de reavaliações periódicas.

A intervenção Terapêutica Ocupacional na área da geriatria se apóia em prescrições de atividades terapêuticas que favorecem o processo de adaptação ao envelhecimento. É fundamental que as atividades realizadas sejam significativas para os idosos e desse modo, se relacionando com seus interesses e com sua realidade socioeconômica e cultural.

Desse modo à Terapia Ocupacional faz com que os dias dos idosos institucionalizados sejam mais produtivos e valorizados impedindo assim que eles desenvolvam uma passividade, a depressão, a raiva e o ressentimento.

Referências:
Barreto, KML e Tirado, MGA – Terapia Ocupacional em Gerontologia. In: Freitas, EV – Tratado de Geriatria e Gerontologia. 2ª. Edição. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2006.
Born, T e Boechat, NS – A Qualidade dos cuidados ao idoso institucionalizado. In: Freitas, EV – Tratado de Geriatria e Gerontologia. 2ª. Edição. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2006.
Secchi, SR – Memória do idoso: o papel da Terapia Ocupacional. Trabalho de Conclusão do Curso de Pós Graduação em Gerontologia – Metrocamp – Campinas: 2008.
Fonte: http://www.medicinageriatrica.com.br/2008/09/16/terapia-ocupacional-na-geriatria-parte-4-acoes-da-to-com-idosos-institucionalizados/

terça-feira, 7 de junho de 2011

Cientistas descobrem cinco novos genes de risco de Alzheimer


Cientistas identificaram cinco novos genes relacionados ao início do mal de Alzheimer, dobrando o número anterior de genes ligados à doença degenerativa.

Se medicamentos ou mudanças de estilo de vida puderem ser criados para combater essas variações genéticas, mais de 60% dos casos de Alzheimer poderão ser prevenidos, segundo os pesquisadores, cujo trabalho foi publicado na revista Nature Genetics, no domingo. Mas essas descobertas devem demorar pelo menos 15 anos, disseram eles.

O mal de Alzheimer é a forma mais comum de demência, uma doença cerebral fatal que afeta a memória, o raciocínio, o comportamento e a capacidade de realizar afazeres comuns do dia a dia. A doença vem afetando cada vez mais as sociedades e economias de todo o mundo.

"Estamos começando a juntar as peças do quebra-cabeça e a entender melhor a doença", disse Julie Williams, do Centro de Genética e Genômica Neuropsiquiátricas da Universidade de Cardiff, que liderou o estudo.

"Se conseguirmos eliminar os efeitos colaterais dos tratamentos com genes, esperamos que possamos então reduzir a proporção de pessoas que contraem Alzheimer a longo prazo".'
Os pesquisadores afirmam que as variantes genéticas encontradas destacam as diferenças específicas em pessoas que contraem Alzheimer, incluindo variações no sistema imunológico, no modo pelo qual o cérebro lida com o colesterol e lipídios, bem como um processo chamado endocitose, que remove proteínas tóxicas do cérebro.

A doença
A entidade Alzheimer's Disease International prevê que, conforme a população envelhece, os casos de demência dobrarão a cada 20 anos, atingindo os cerca de 66 milhões em 2030 e 115 milhões em 2050. Boa parte das vítimas se concentra em países pobres.

"O interessante é que os genes que conhecemos agora - os cinco novos, além dos anteriormente identificados - estão agrupados em padrões", disse Williams em uma entrevista em Londres.

Os cientistas suspeitam que os genes podem explicar de 60 a 80 por cento do risco de Alzheimer de início tardio, o tipo que se manifesta na velhice.

Para encontrar novas variantes do gene, Williams e um grupo internacional de pesquisadores analisaram dados de 25 mil pessoas portadores do mal de Alzheimer e 45 mil pessoas saudáveis que foram usados como 'controles'.

Eles descobriram que variações comuns do gene chamadas ABCA7, EPHA1, CD33 e CD2AP e MS42A estavam relacionados a um risco maior de desenvolver a doença. 'Estes cinco genes agora mostram evidência convincente de associação com o mal de Alzheimer', disse ela.

Estudos anteriores sobre as últimas décadas demonstraram que as variações do gene conhecidas como CLU, PICALM, CRI, BIN1 e APOE também estão relacionadas ao risco de contrair Alzheimer.

Reuters

sexta-feira, 3 de junho de 2011

Doença de Parkinson – O que devemos saber

A imagem que as pessoas fazem sobre doenças como Parkinson tem um impacto emocional significativo na pessoa afetada. Além do impacto físico de portadores da doença, as pessoas com Parkinson enfrentam muitos preconceitos que a população em geral tem sobre essa doença.

Conviver com as diferentes reações das pessoas no supermercado, na rua, no ônibus, em locais públicos, muitas vezes, implica um desafio para o paciente de Parkinson. Preconceito ou apenas ignorância generalizada sobre a doença são refletidas na maneira como as pessoas os tratam na família, no trabalho ou em atividades sociais.

Felizmente, o trabalho de sensibilização sobre Parkinson, realizado por várias instituições e associações de familiares de pacientes com Parkinson, serve para a comunidade conscientizar-se sobre a doença e seu progresso na pessoa e sua família. Idéias e conceitos equivocados sobre Parkinson  fazem com que as pessoas pensem que é uma demência avançada (daí a confusão com a doença de Alzheimer ), que qualquer tremor mais evidente seja Parkinson ou que seja somente uma doença de pessoas idosas.

Ao contrário de pessoas com Alzheimer, da doença de Parkinson não perdem gradualmente a noção de si. Apesar de Parkinson ser uma doença neurodegenerativa, não é primariamente uma demência. Só em casos muitos avançados e não é muito comum em pessoas com a síndrome de Parkinson vir a sofrer de mania de perseguição ou alucinações ou ficarem totalmente esquecidas.

Na verdade, a doença de Parkinson não tem nada a ver com a doença de Alzheimer. As pessoas com Parkinson perdem a mobilidade, sentem-se mais rígidos e endurecidos para andar, têm dificuldades para exercer tarefas comuns como tomar banho, subir escadas, vertir-se. Porém, sua memória não é afetada e não apresentam sintomas de confusão mental.

Outro engano comum é pensar que Parkinson é apenas uma doença das pessoas que tremem muito. Desconhecem outros sintomas da doença que são a rigidez das articulações, impedindo movimentos mais rápidos e seguros, a mímica facial pobre (podem estar tristes ou alegres, que a expressçao facial é a mesma), a escrita apresentando o tamanho da letra cada vez menor e os passos cada vez mais curtos para andar. Também é usual ouvir que a doença de Parkinson é uma doença de idosos. Embora apresentado uma incidência maior em idades acima de 65 anos, há um número representativo de pessoas afetadas pelo Parkinson entre 30 e 55 anos.

Também ocorrem preconceitos e equívocos de pessoas que confundem Parkinson com problemas de abusos de drogas e bebida. Alguns acham que eles são viciados em drogas, outros acham que são alcoólatras ou que tenham outros vícios. Há muita confusão com os sintomas relacionados com a mobilidade (dificuldade de movimentação, falar ou comer), que também ocorrem na influência de álcool ou drogas.

Diante disso, fica claro entender porque são fundamentais as campanhas de sensibilização sobre a doença. É um dever incentivar a conscientização de todo o Brasil sobre estes sintomas, reduzindo o preconceito, a perseguição ou a discriminação que as pessoas afetadas com a doença de Parkinson sofrem diariamente.

Márcio Borges
Cuidar de Idosos