segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Morte e Envelhecimento






Mas como é lastimável o velho que, após ter vivido tanto tempo, não aprendeu a olhar a morte de cima !
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Aliás, quem pode estar segura, mesmo jovem de estar vivo até o anoitecer ?  Mais ainda: os jovens correm mais risco de morrer que nós. Adoecem mais facilmente, e mais gravemente; são mais difíceis de tratar. Assim, não são muitos a chegar à velhice.
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Mas retorno à morte que nos espreita. Por que fazer disso motivo de queixa à velhice, se é um risco que a juventude compartilha ?
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E o velho nada mais teria a esperar ? Então sua posição é melhor que a do adolescente. Aquilo com que este sonha, ele já o obteve. O adolescente quer  viver muito tempo, o velho já viveu muito tempo !
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Quando este fim chega, o passado desapareceu. Dele vos resta apenas o que vos puderam trazer à prática das virtudes e as ações bem conduzidas. Quanto às horas, elas se evadem assim como os dias, os meses e os anos. O tempo perdido jamais retorna e ninguém conhece o futuro. Contentemo-nos com o tempo que nos é dado a viver, seja ele qual for.
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Assim como a morte de um adolescente me faz pensar numa chama viva apagada sob um jato d'água, a de um velho se assemelha a um fogo que suavemente se extingue. Os frutos verdes devem ser arrancados à força da árvore que os carrega; quando estão maduros, ao contrário, eles caem naturalmente. Da mesma forma, a vida é arrancada à força aos adolescentes, enquanto deixa aos poucos os velhos quando chega sua hora.
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Conclusão: os velhos não devem nem se apegar desesperadamente nem renunciar sem razão ao pouco de vida que lhes resta.



trechos das reflexões feitas por Cícero em seu texto  De Senectude

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