A violência contra a pessoa idosa não é um fato recente. Desde que o mundo é mundo ela atinge os idosos: a gerontofobia vem de longa data. Essa violência pode ser medida de várias formas e expressões. Desde a que deixa marcas no corpo à que fere a alma, que é invisível e silenciada na solidão daqueles que envelhecem no silêncio. O tratamento dispensado aos idosos não é homogêneo, não é o mesmo nas culturas e sociedades humanas. Varia, difere de uma organização social e política para outra (ler a obra clássica, o livro A Velhice, de Simone Beauvoir.)
A velhice é um mundo de complexidades e idiossincrasias (*maneira própria de ver, sentir, reagir, de cada indivíduo). Ao contrário do que pensa o senso comum, temos várias velhices dentro de uma mesma faixa etária: a começar pelo gênero, classe social, hábitos de vida, cultura própria e outras variáveis, tudo isso provoca velhices distintas. Aqui não há paz de cemitério!
Como a sociedade brasileira enxerga os mais velhos? Como vivem os idosos de nossas cidades? São perguntas que deveriam estimular pesquisas científicas de profissionais que atuam no campo da gerontologia. No entanto, ainda é pequeno o interesse da ciência pelo envelhecimento humano, como é o do próprio país. Historicamente, o Estado brasileiro não tem tradição no cuidado de atenção pública dispensado às pessoas idosas. É como se elas não existissem, por mais que comprovam as estatísticas demográficas sobre o aumento da população idosa no planeta e em nossos países e cidades.
Diante de tantas mudanças ocorridas na nova ordem mundial, uma delas é exatamente a predominância cada vez maior do número de idosos no mundo. A contemporaneidade atesta a presença dos longevos entre nós. O que é bom. Mas o desafio maior é, além de vivermos mais, é vivermos melhor. Numa sociedade que permite a brincadeira mortal de incendiar cidadãos de rua, fica nebuloso acreditar em dias melhores para a velhice pobre brasileira.
Casos de violência contra os idosos vem acontecendo e são mostrados na mídia. O que fazer diante de tais ocorrências? É preciso uma reação coletiva de toda sociedade: deflagrar por parte dos movimentos sociais um processo urgente de sensibilização de toda comunidade, para as questões que afigem o dia-a-dia dos idosos, principalmente para a garantia de seus direitos elementares e sua integridade física e emocional. Divulgar a Política Nacional do Idoso – Lei 8842, de 04 de janeiro de 1994; o Estatuto do Idoso que é de 2003. Desenvolver o quanto antes práticas de solidariedade com os vizinhos e moradores idosos. A questão do idoso é uma questão social, que requer políticas públicas para a garantia de seus direitos consubstanciados em legislações próprias. Se é social diz respeito a todos nós.
José Anísio da Silva - jaspitico@yahoo.com.br
Extraído do Cuidar de Idosos
Extraído do Cuidar de Idosos
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