sexta-feira, 29 de abril de 2011

Contribuições da psicologia para um envelhecimento saudável

Contribuições da psicologia para um envelhecimento saudável
A Psicologia pode contribuir para um envelhecimento mais saudável. Na verdade, pensar na promoção de um envelhecimento saudável é bastante amplo.
Primeiramente, sabe-se que pensar num envelhecimento saudável não é possível apenas sob a luz de uma vertente profissional, mas sim a partir de um olhar interdisciplinar que abranja, além da psicologia, a geriatria, a odontologia, a fisioterapia, a fonoaudiologia, o direito, a terapia ocupacional, o serviço social, a pedagogia, a arquitetura, dentre outras áreas de saber direta ou indiretamente relacionadas com o estudo do processo de envelhecimento.
Segundo: uma pessoa não envelhece apenas quando ela faz sessenta anos. Deve-se pensar em seu próprio envelhecimento o mais cedo possível, pois nossos atos do passado influenciam diretamente em nosso processo de envelhecimento. Por exemplo, uma pessoa que se expõe excessivamente ao sol desde criança provavelmente irá apresentar sinais de envelhecimento cutâneo mais cedo que uma pessoa que controla de maneira consciente sua exposição ao sol. Ou seja, pensar em envelhecer com saúde implica em prevenção e na adoção de hábitos de vida saudáveis durante todo o curso de vida.
Um terceiro ponto deve ser considerado: a promoção de um envelhecimento saudável não é uma preocupação apenas do idoso, mas sim da família, da sociedade, do governo. É necessário pensar grande!
A Psicologia enquanto Ciência precisa atuar no âmbito de um envelhecimento saudável, atuando no estudo de temas pertinentes, tais como: alterações cognitivas e comportamentais; solução de problemas e inteligência prática; emoções; relações sociais; personalidade; sabedoria; criatividade; dependência; morte e finitude; qualidade de vida; atividade; violência; trabalho e aposentadoria; saúde mental, dentre outros temas pertinentes. (NERI, 2004).
Neste contexto, torna-se importante, como apregoa o Estatuto do Idoso, contribuir para eliminar o preconceito e produzir conhecimentos sobre a matéria no ensino formal (Art.22) e promover, nos meios de comunicação, conteúdos relacionados ao processo de envelhecimento (Art.24). A psicologia pode e deve atuar nesta empreitada, por exemplo, através da confecção de materiais informativos voltados para idosos e para as demais faixas etárias.
A Psicologia enquanto Profissão também pode ter um papel significativo na atuação direta com os idosos, seja em modalidade de psicoterapia de grupos ou individual. Freud, por exemplo, considerava a psicoterapia inapropriada para o idoso, porém, atualmente, sabe-se que esta pode contribuir para um envelhecimento mais saudável (tanto do ponto de vista da prevenção, quanto do tratamento de problemas já instalados), independente da linha de atuação do profissional.
Eizirik, Knijnik e Vasconcellos (2008) destacam alguns temas importantes a serem trabalhados com o idoso na psicoterapia: as perdas (da saúde, das capacidades, dos entes queridos, do trabalho, dos papéis sociais); a manutenção da autoestima; trabalhar a questão da rigidez, comum no idoso. Em relação ao envelhecimento patológico, com déficits cognitivos, Pádua, Souza e Brunstein (2008) destacam: elaborar intervenções psicoeducacionais para o paciente com demência e seu cuidador, além de enumerar sugestões práticas para o manejo de situações difíceis. Acrescento que também é muito importante que o profissional da psicologia esteja capacitado para realizar avaliações neuropsicológicas e estimulações cognitivas em idosos com queixas de memória.
De maneira geral, o psicólogo pode atuar tanto em âmbito de prevenção primária em idosos saudáveis como na reabilitação em idosos que já possuem algum tipo de problema instalado. Além dessas áreas específicas, o profissional deve sempre se lembrar de seu compromisso na promoção da saúde num sentido amplo, biológico, psicológico, social e espiritual. Assim, faz-se importante incentivar a preocupação com a saúde física e a realização de exames médicos periódicos; a manutenção de uma rede social efetiva, com a manutenção de papéis sociais; a promoção da autonomia e da atividade (por exemplo, a participação em grupos); o incentivo ao lazer e ao descanso; a promoção de relações familiares saudáveis, dentre outras posturas que visem um envelhecimento com qualidade de vida.
Referências:
NERI, A. L. O que a psicologia tem a oferecer ao estudo e à intervenção no campo do envelhecimento no Brasil, hoje. In: NERI, A. L.; YASSUDA, M. S. (orgs). Velhice bem-sucedida. Campinas: Papirus, 2004.
PÁDUA, A. C.; SOUZA, S. B. C.; BRUNSTEIN, M. G. Abordagens psicossociais para pacientes com demência. In: CORDIOLI, A. V. et al. Psicoterapias: abordagens atuais. Porto Alegre: Atmed, 2008.
EIZIRIK, C. L.; KNIJNIK, J.; VASCONCELLOS, M. C. G. Psicoterapia na velhice. In: CORDIOLI, A. V. et al. Psicoterapias: abordagens atuais. Porto Alegre: Atmed, 2008.

Luciene C. Miranda
Psicóloga - lucienecm@yahoo.com.br
Cuidar de Idosos

sábado, 23 de abril de 2011

Planejando sua velhice

O aumento da expectativa de vida da população brasileira associado a uma maior proporção de pessoas idosas em nosso país ajuda a provocar uma sensível mudança no ponto de vista da população em geral.

Uma dessas mudanças diz respeito ao aumento da expectativa de vida: graças aos avanços médicos tecnológicos as pessoas estão vivendo cada vez mais, o que acaba acarretando aparentes modificações no curso de vida: as pessoas prolongam a adolescência, buscam mais de uma graduação, estudam mais, adiam o casamento, adiam a maternidade, deixam a aposentadoria para mais tarde, pois acreditam que terão mais tempo para curtir o presente e o futuro. Pessoas que atualmente se encontram na meia-idade há meio século eram taxadas como velhas e viviam segundo este antigo modelo social de que velhice era sinônimo de dependência, estagnação e ausência de expectativas em relação ao futuro.

Esta verdadeira postergação de alguns eventos da vida reflete mais um lado desta nova realidade: além de querer viver mais anos, almeja-se ter qualidade de vida. A preocupação em viver muitos anos gozando de boa saúde (do ponto de vista biopsicossocial) reflete uma recente realidade: o planejamento para seu próprio envelhecimento.

Planejar sua velhice consiste numa série de preocupações e atitudes que vêm sendo tomadas ao longo da vida, com o intuito de se ter um envelhecimento mais tranquilo. Pensa-se na prevenção, para não ser pego de surpresa num momento desagradável. Planejar a velhice implica em pensar em aspectos familiares, de saúde, financeiros, sociais, dentre outros, os quais serão ilustrados a seguir.

Em relação à família, a primeira escolha se diz respeito a casar-se ou manter-se solteiro; permanecer casado, divorciar-se, recasar-se ou não. Mesmo que de maneira inconsciente, ainda na juventude, o casal acaba planejando quantos filhos terá, ou seja, quem o acompanhará em sua velhice. Infelizmente ter mais ou menos filhos não é garantia de cuidados na velhice, visto que é considerável o número de filhos que não querem cuidar dos pais idosos, porém, até hoje existe o estigma de que quem não tiver filhos não terá ninguém para cuida-lo no futuro.

Cuidar da saúde, adotar hábitos de vida saudáveis e prevenir doenças são umas das formas mais importantes (se não disser a mais importante) de se planejar uma velhice satisfatória. Cuidar da saúde é um investimento vitalício e de longo prazo, e esta preocupação deve começar o mais cedo possível.

Ser rico não é necessariamente sinônimo de envelhecer bem (visto que dinheiro não financia saúde), mas precisamos dele para envelhecer com dignidade. Esta é outra preocupação de longo prazo: precisamos, desde cedo, planejar aposentadoria, previdência privada, planos de saúde, planos funerários. Além disso, atualmente alguns idosos já demonstram uma preocupação além: de guardarem uma reserva financeira para se, com o avanço da idade, surgirem gastos como uso de remédios, contratação de cuidadores ou mesmo mensalidades de instituições de longa permanência. Uma forma consciente de garantir um futuro tranquilo para si mesmo, sem depender exclusivamente da família para gastos e cuidados.

Em relação ao convívio social, vários estudos mostram que manter uma vida social ativa e ter bons amigos ao longo da vida é fator protetor durante o processo de envelhecimento. Ter com quem dividir alegrias, tristezas, conquistas e perdas é muito importante, e parece ser cada vez mais difícil fazer amizades sinceras e conserva-las com o passar dos anos. Envelhece-se junto com os amigos!

Com base nestes poucos aspectos aqui elucidados torna-se mais fácil perceber a importância de pensar em seu próprio envelhecimento e planejar para que, na medida do possível, este evento não seja acompanhado de surpresas desagradáveis que poderiam ser prevenidas mais cedo.

Luciene C. Miranda
Psicóloga - lucienecm@yahoo.com.br
Cuidar de Idosos

quinta-feira, 21 de abril de 2011

Habilidades e limitações

Ao longo de nossas vidas, é nítido perceber que temos várias habilidades, mas também possuímos nossas limitações. Ou seja, em outras palavras, somos bons em algumas coisas e nem tão bons em outras. Isto acontece no decorrer da vida, algumas habilidades e limitações se mantém, outras se modificam devido a uma série de fatores, como, por exemplo, mudança de interesses ou estilo de vida, treinamento, dentre outros motivos.

Para algumas pessoas parece ser extremamente difícil enxergar suas próprias limitações e falar das mesmas. Para outras, acontece o contrário: preferem falar de suas limitações e demonstram grande dificuldade quando alguém lhe pergunta sobre aquilo que ela tem de melhor.

Porém, há uma tendência natural de as pessoas associarem o envelhecimento apenas às limitações, ou seja, elas enfocam apenas as perdas, os problemas e se esquecem daquilo que têm de bom, suas habilidades. Este lado bom não necessariamente se perde com o passar dos anos, isto é fato!

Esta postura de reforçar apenas suas limitações é bastante pessimista e pode contribuir para que o idoso se sinta incapaz, com baixa autoestima e deprimido. Infelizmente as famílias e a sociedade em geral tendem a reforçar esta postura. Neste sentido, é comum ressaltarem coisas que o idoso fazia e não pode mais fazer (“A vovó era uma cozinheira e tanto, mas hoje sua artrose não a deixa mais mexer nas panelas”); enfatizar sua dependência (“Papai não tem mais condições de dirigir, por isto precisamos carregá-lo sempre”); reforçar mudanças indesejáveis que aconteceram com o passar dos anos (“Antigamente a mamãe lembrava os aniversários de toda a família, hoje muito mal se lembra da data dos filhos”); e mesmo reforçar uma baixa autoestima (“O papai antigamente era forte e tinha uma excelente postura, hoje está magro demais e corcunda”). Percebam como nestas falas só há ênfase nas mudanças negativas ocorridas com o passar dos anos.

Uma postura bastante saudável seria a de ressaltar as potencialidades do idoso nesta etapa de sua vida. Importante aqui fazer isto de maneira realista, condizente com a realidade e não ficar criando situações forçadas a fantasiosas referentes ao idoso. Não é legal infantilizar o idoso (“Nossa, como ele faz isso direitinho”) ou fazer elogios irreais. Vale a pena ressaltar as reais potencialidades do idoso, por exemplo, aquelas que se manteram no decorrer dos anos (“Mamãe sempre cozinhou muito bem e continua fazendo isso”); enfatizar aquilo que melhorou com o passar dos anos (“Com o passar dos anos papai se tornou uma pessoa mais sábia e centrada”); dar valor àquilo que foi aprendido já em idade mais avançada (“Vovô se tornou um ótimo dançarino após aposentar, pois dedicou seu tempo livre para aprender a dançar e acompanhar a vovó, que sempre dançou muito bem”); promover uma boa autoestima e autoimagem (“Mãe, como esta roupa lhe cai bem!”).

Deslocar o foco das limitações para as habilidades e potencialidades do idoso auxilia o idoso, mas também a família e a sociedade a entenderem que o envelhecimento não é apenas sinônimo de perdas, existem ganhos neste período e, além disso, algumas habilidades se mantêm com o passar dos anos e merecem ser destacadas.
 
Luciene C. Miranda
Psicóloga - lucienecm@yahoo.com.br
Extraído de: Cuidar de Idosos

terça-feira, 19 de abril de 2011

A Hidroterapia na recuperação do equilíbrio e prevenção de quedas em idosas


                  
Na atualidade, as quedas se tornaram um dos maiores problemas de saúde pública em idosos, devido ao aumento da morbidade, mortalidade e custos para a família e a sociedade. Os principais fatores de risco para quedas nessa população estão relacionados à limitação funcional, história de quedas, aumento da idade, fraqueza muscular, uso de medicamentos psicotrópicos, riscos ambientais, sexo feminino e deficit visual. Pesquisadores relatam que mulheres idosas apresentam maior propensão para quedas devido a menor massa magra e força muscular, maior prevalência de doenças crônico-degenerativas e exposição às atividades domésticas
Anualmente, no Brasil e nos Estados Unidos, 30% dos idosos não institucionalizados sofrem quedas. Aproximadamente 5% destas causam fraturas, destacando-se as do quadril. Os Estados Unidos têm um custo anual de 10 bilhões de dólares no tratamento de fraturas do quadril em idosos decorrente das quedas. Diferentemente, no Brasil, apesar do alto índice de fraturas, são gastos R$ 12 milhões anuais. Para prevenir as quedas, é necessário aprimorar as condições de recepção de informações sensoriais do sistema vestibular, visual e somatossensorial, de modo a ativar os músculos antigravitacionais e estimular o equilíbrio
Desde os tempos remotos, a hidroterapia tem sido utilizada como recurso para tratar doenças reumáticas, ortopédicas e neurológicas. As propriedades físicas da água, somadas aos exercícios, podem cumprir com a maioria dos objetivos físicos propostos num programa de reabilitação. O meio aquático é considerado seguro e eficaz na reabilitação do idoso, pois a água atua simultaneamente nas desordens musculoesqueléticas e melhora o equilíbrio.
A multiplicidade de sintomas como dor, fraqueza muscular, deficit de equilíbrio, obesidade, doenças articulares, desordens na marcha, dentre outras, dificultam a realização dos exercícios em solo por idosos, ao contrário dos exercícios realizados no meio aquático, onde há diminuição da sobrecarga articular, menor risco de quedas e de lesões. Além disso, a flutuação possibilita ao indivíduo realizar exercícios e movimentos que não podem ser realizados no solo.
Apesar de poucos estudos relatarem os efeitos da hidroterapia no equilíbrio e na redução de quedas, todos eles demonstraram benefícios, como por exemplo, a redução da oscilação postural17, o aumento do alcance funcional16 e a maior independência nas atividades da vida diária (AVD's)

Resende SM; Rassi CM; Viana FP.

domingo, 17 de abril de 2011

Frases para reflexão


"Ninguém quer pensar que nossos pais estão envelhecendo ou morrendo, porque então não haverá nada entre nós e a morte". -  Beth Witrogen Mc Leod

"É preciso vencer o preconceito com a velhice e se conscientizar da necessidade de retribuir tudo o que se recebeu dos pais".  Renato Veras

"Se modelarmos uma sociedade em que os idosos sejam queridos e levados a sério, seremos capazes de envelhecermos sem temer esse destino". - Harold Kushner

"O que geralmente faz com que as pessoas idosas sigam em frente é o fato de elas serem capazes de dar, não apenas de receber". - Dean Ornish

"Pode-se estabelecer um médico de família por metro quadrado que, sozinho, não resolverá o problema do idoso" -  Célia Caldas

"O idoso só se torna uma ameaça à família, se a estrutura familiar já está frágil". - Ricardo Moragas

"Sem querer generalizar, o que o ancião precisa é, normalmente, a soma do que os filhos e netos sentem falta". - Ricardo Moragas

"Quem está à volta com o pai ou a mãe doente, normalmente, não compreende que o problema do idoso é resultado de uma longa história construída. E que ele próprio faz parte daquela história - Célia Caldas

Por isso, "a família tem que assumir a responsabilidade como um problema dela, e não do outro. Somos nós que estamos envelhecendo e não assumimos isso ainda", conclui. - Ricardo Moragas

"O idoso somos nós mesmos, o nosso futuro".- Célia Caldas


Extraído de Longevidade, Silvia Masc

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Trabalho ou aposentadoria? A decisão é do idoso

Nós brasileiros vivemos muitas vezes sob mitos e inverdades. Um dos maiores erros que cometemos é considerar o idoso como uma pessoa descartável, que não trabalha e só traz despesas à família e à sociedade. Ledo engano. Nos últimos vinte anos, a terceira idade brasileira teve sua expectativa de vida aumentada e, simultaneamente, deteve uma redução do seu grau de deficiência física ou mental, passando a chefiar por mais tempo sua família. Quase seis milhões de idosos brasileiros têm filhos e outros parentes sob sua responsabilidade e vivem com eles na mesma casa.

No Brasil, as Pesquisas Nacionais de Amostras de Domicílios, disponibilizadas pelo IBGE, demonstram que a participação do idoso, no mercado de trabalho, vem sendo alta, considerando os padrões internacionais. E isso está relacionado a uma particularidade muito específica do mercado de trabalho brasileiro, que é a inserção do aposentado. Mais da metade dos idosos do sexo masculino e quase um terço das mulheres idosas que estão no mercado de trabalho são aposentados.
 
Os frutos econômicos do trabalho dos idosos, mesmo depois de aposentados, têm tido um peso bastante significativo na sua renda e na de suas famílias e mais importante do que um aumento no nível de atividade econômica, têm-se verificado um aumento na participação da População Economicamente Ativa idosa no total da População Economicamente Ativa brasileira. Logo, não apenas cresce o contingente de idosos em nosso país, mas também sua importância em nossa economia. Segundo o IBGE, em 1977, 4,5% da População Economicamente Ativa brasileira era composta de idosos. Essa proporção dobrou em 1998, tendo atingido 9% e pode vir a representar 13% da População Economicamente Ativa brasileira no ano 2020.

Mas o trabalho dos idosos não atinge somente os índices econômicos, o trabalho está ligado ao poder e ao respeito entre as pessoas e por isso o Estatuto do Idoso em seus artigos 26 a 28 garante o direito à profissionalização, proíbe a discriminação em razão da idade e ainda prevê que o Poder Público deve criar e estimular programas de profissionalização especializada para idoso, aproveitando seus potenciais e habilidades para atividades regulares e remuneradas. Portanto, é certo que o idoso tem o direito ao trabalho, direito sim e não dever. O idoso deve ter reais chances de optar entre a aposentadoria e a continuidade do trabalho e para isso a aposentadoria deve ser digna e o trabalho precisa ser uma opção e não uma exigência para o complemento da renda familiar.
 
De qualquer forma o importante é acabar com o mito que o idoso brasileiro não trabalha ou não é útil. Na verdade, o idoso brasileiro é muitas vezes a única fonte de renda de sua família, seja por sua aposentadoria ou por seu trabalho. E não devemos nos esquecer que o idoso tem o direito de se aposentar e usar sua aposentadoria da maneira que mais lhe aprouver. Na verdade, devemos respeitar o idoso por toda contribuição que ele já deu ao longo de sua vida e não apenas por aquilo que ele ainda pode oferecer.

*Pérola Melissa Vianna Braga é advogada, autora do livro Direitos do Idoso – (Quartier Latin-2005), mestre em Direito Civil pela PUC/SP, conferencista sobre Direitos do Idoso, professora universitária e editora deste site.
Extraído de: Para idosos

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Exercícios simples podem reduzir a sensação de tontura dos idosos

Os exercícios podem melhorar o equilíbrio e combater problemas de saúde como diabetes e hipertensão. As conclusões estão numa pesquisa feita no Paraná com pessoas acima dos 60 anos. Confiram o vídeo!





Extraído de: Longevidade, Silvia Masc

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Acessibilidade Digital para o usuário idoso: Hardwares e Softwares utilizados na interface homem-computador

O acesso dos usuários idosos ao computador pode ser viabilizado ou facilitado por aplicações e funcionalidades de hardwares e softwares disponíveis no mercado e na web.


As necessidades dessa parcela da população têm sido consideradas no desenvolvimento de artefatos computacionais (hardwares e softwares) que utilizam critérios ergonômicos para garantir a usabilidade dos mesmos.

As aplicações e funcionalidades identificadas favorecem o uso do computador, pois compensam as alterações nas estruturas e funções do corpo resultante do processo de envelhecimento normal.

Foram encontradas aplicações com interfaces intuitivas, que apresentam menor densidade informacional, adequada ao declínio perceptocognitivo que ocorre no envelhecimento. Assim como, funcionalidades de diversos tipos que compensam a perda motora, sensorial e cognitiva.

O quadro acima mostra as informações coletadas quanto a aplicações, interfaces e funcionalidades que são de fácil acesso e podem ajudar o uso do computador por usuários idosos.

A maioria destes artefatos tem os idosos como parte do público-alvo, mas não como público específico, deixando evidente  a necessidade do desenvolvimento,  adaptação e ampliação de artefatos digitais para idosos, tendo em vista o crescente contingente populacional de idosos no mundo e o número cada vez maior de sistemas informatizados.


Trabalho apresentado no XVI Congresso Brasileiro de Geriatria e Gerontologia. 2008.
Autores: Ana Katharina Leite; Antônio de Lucena Rodrigues Júnior; Eric Borba; Raphael Araújo.

sábado, 9 de abril de 2011

Alzheimer - Veja esses números!



Impressionantes números revelados pela Associação Americana de 
Alzheimer sobre o avanço dessa doença e 
o alto custo financeiro e social que ela acarreta.


Cuidar de Idosos

terça-feira, 5 de abril de 2011

Quem vai cuidar dos idosos da família?

A culpa, às vezes, dói mais que feridas físicas. É o que dizem os familiares de pessoas com doenças incapacitantes quando percebem que já não são capazes de cuidar do parente sozinhos. Escolher entre procurar uma clínica de repouso, contratar um acompanhante ou manter o doente entre a família é uma decisão entremeada por angústias e insegurança.

No caso da paulistana Maria Aparecida da Fonseca Santos, de 52 anos, as tentativas de amparar o ex-marido sem ajuda profissional duraram cinco anos. Nesse período, ela se dividia entre os cuidados com o aposentado Osvaldo Fernandes dos Santos, de 80 anos, e o trabalho no salão de beleza instalado na garagem de sua casa. “Era terrível, eu ficava esgotada. Ele é teimoso e, quando decidia que queria sair, vinha ao meu salão e gritava para irmos embora na frente das clientes”, conta.

O aposentado, acometido pelo mal de Alzheimer, tinha comportamento agressivo. Por isso, algumas vezes a polícia e o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) tiveram de ser chamados para ajudar Aparecida. Diante das dificuldades, ela experimentou contratar um cuidador. “Primeiro veio uma mulher, que não aguentou ficar nem dois dias. Depois teve um rapaz, que ficou 5 meses. Mas começou a faltar e aí eu sentia que tinha de tomar conta do paciente e do cuidador, por isso dispensei o serviço”, relata.

Quando Santos começou a usar fraldas e a necessitar de ajuda para tomar banho e comer, Aparecida admitiu para si mesma que a situação havia ficado insustentável. Foi então que internou o ex-marido em uma casa de repouso, onde hoje o visita, três vezes por semana. Mesmo assim, ela ainda não se sente confortável com sua consciência. “A gente acaba se culpando. Às vezes, dá a sensação de que essas clínicas são depósitos de velhos que estão esperando sua hora chegar”, desabafa. E lembra que levou o aposentado para viver com ela quando amigos lhe contaram sobre comportamentos estranhos que ele vinha apresentando – como imaginar pessoas estranhas em sua casa.

A consciência de Soraya Ruffo, de 54 anos, também não a deixa em paz por ter internado sua mãe, Odila, que foi acometida pelo mal de Alzheimer aos 67 anos. “Depois de sua morte veio a culpa, com letras garrafais”, conta. Apesar do desgaste emocional gerado pela situação, a família deve entender seus próprios limites, segundo a psicóloga e gerontóloga Rose Souza Lima. “É preciso trabalhar esse sentimento de onipotência e compreender que, às vezes, o que aquele familiar está precisando não é possível oferecer.”

Presidente da Associação Brasileira de Alzheimer – Regional São Paulo, Vera Caovilla acredita que os familiares acabam se sentindo “super-homens” e deixam de reconhecer que também precisam de apoio. “O desgaste é tremendamente comum e o cuidador esquece que ele também precisa ir ao médico, cortar o cabelo e descansar. Se não estiver bem, não vai conseguir atender o paciente bem.”

Segundo os especialistas, muitas vezes a tensão emocional provoca também desgastes imunológicos. E o próprio cuidador começa a ter a saúde afetada pela situação, com repercussão nas taxas de colesterol, açúcar e triglicérides, além de variações de pressão.

Vera lembra que, no passado, dizia-se que o melhor lugar para se cuidar de um idoso era dentro de casa, no seu habitat. Mas aquele era, segundo ela, um tempo em que havia mais pessoas dentro de casa. Hoje, com os núcleos familiares menores, é difícil evitar que um dos parentes acabe sobrecarregado.

Para Rose, enquanto o paciente mantiver um pouco de autonomia, é preciso valorizá-la, promovendo uma independência supervisionada. “Quando a doença está em estágio avançado, as clínicas também são uma opção. Lá, existe o atendimento de pessoas especializadas e toda a estrutura necessária”, diz. Muitas vezes, lembra Rose, montar uma estrutura especial para atender o paciente em casa pode ser mais caro e exigir um trabalho mais intensivo da família. Por outro lado, se há essa possibilidade, a opção é boa por permitir um contato mais próximo com os parentes.
Mariana Lenharo
Extraído de : http://blogs.estadao.com.br/jt-cidades/quem-vai-cuidar-dos-idosos-da-familia/
Cuidar de Idosos

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Preconceito

Pela primeira vez, em muitos anos, dona Jane adentrou à sala sem o seu farto riso. Nunca me lembro de tê-la visto desanimada ou sem uma perspectiva de solução, daí a minha surpresa por aquela entrada inusitada. Há muito vínhamos discutindo a sua acuidade visual. Nada muito restritivo, exceto para a sua própria sensação de segurança em ambientes desconhecidos ou pouco iluminados.

Os oftalmologistas consultados foram unânimes no diagnóstico: catarata em evolução, cujo único tratamento seria cirúrgico. Esta é uma condição em que a opinião do cliente é fundamental. Ninguém melhor que ele para, conhecendo a realidade dos riscos e benefícios, decidir qual caminho seguir.

Na consulta anterior, porém, comunicou-me que havia se decidido. Escolheu o oftalmologista, o hospital e a data da operação, vindo apenas me solicitar os exames pré-operatórios. Este, por ser muito breve, foi feito imediatamente. Saiu convicta, com a lista de testes, cujos resultados ela me traria para emitir o parecer final.

Um detalhe, porém, mudou o rumo da história. Por imposição do seu plano de saúde, foi agendada uma “avaliação cardiológica” como condição para autorizar o procedimento. 

Apresentou-se à consulta no local e data marcados, munida do meu relatório inicial e dos resultados laboratoriais. Após algumas perguntas e um rápido exame físico, foi lhe dado o veredicto, redigido no receituário: paciente com 94 anos, diabética e hipertensa, não está em condições cirúrgicas.

Liguei a quem acabara de emitir o nefasto laudo, argumentando de que esta cliente nunca tivera aumento dos níveis pressóricos ou de glicemia e que seu estado de saúde mantinha-se estável há pelo menos duas décadas. Lacônicamente, respondeu com uma única frase: eu nunca autorizo cirurgia para quem tem mais de 90 anos! E desligou.

Voltando à sala onde me esperava dona Jane, expliquei que nem todos já se encontram preparados para conviver com esta nova realidade: idosos saudáveis.  Uma boa parte da sociedade ainda confunde a idade com as doenças e, por isso, julga erroneamente as situações individuais. Muitos chamam isso de preconceito. Prefiro acreditar que seja apenas falta de informação adequada para a formação de um conceito. Fiz um relatório extenso, avaliando cada componente do seu organismo e enfatizando as suas adequadas condições de saúde no âmbito mais amplo possível.

Cerca de duas semanas após, recebi um telefonema com o habitual riso que faltara na última visita. Entre as inúmeras considerações sobre o quanto tinha sido bem tratada durante a operação e de como todos se admiraram com a sua vivacidade, salientou: estou feliz por ter conseguido fazer aquilo que eu queria fazer.

Wilson Jacob Filho
Nota do editor: médico geriatra, professor de geriatria na USP e coautor do livro “Geriatria e Gerontologia: O que Todos Devem Saber”. Homenagem do portal Cuidar de Idosos ao professor e mestre de muitos geriatras brasileiros.
Este artigo foi extraído de: http://www.moginews.com.br/materias/?ided=1123&idedito=83&idmat=86325