domingo, 1 de maio de 2011

Desenvolvimento Cognitivo na idade adulta e na velhice

Muitos pesquisadores afirmam que no envelhecimento se tem uma diminuição da capacidade cognitiva como, por exemplo, no processamento da informação, em atividades relacionadas com a atenção, a aprendizagem e a memória. Existem dois termos: "Gerontologia educativa" (termo utilizado para falar da aprendizagem das pessoas mais velhas), e "educação gerontológica" (termo utilizado para descrever o ensino da gerontologia). A junção desses dois termos, "Geragogia", é uma nova área de trabalho, relacionada ao desenvolvimento ao desenvolvimento humano relacionadas ao ensino e a aprendizagem das pessoas de mais idade.

Os processos sensórios perceptivos são de extrema importância para que a pessoas interajam com o ambiente, sendo importante conhecer como esses processos mudam com o envelhecimento. Dentre os processos sensoriais temos a visão, onde, como conseqüência da senilidade, ocorre uma diminuição da capacidade de diferir as cores, sensibilidade a mudanças de iluminação, dificuldades para enxergar de perto (presbiopia), mas, associados podem vim outras patologias (catarata, glaucoma,...). Têm-se também, conseqüente do envelhecimento, problemas de audição que podem levar até a perda auditiva. Essa situação é bastante frustrante, pois, fica difícil de compreender o que o outro fala. Esses dois sentidos (visão e audição), ao sofrerem esse declínio, fazem com que o idoso se exclua da sociedade, evitando interagir com outras pessoas, produzindo sentimento de solidão e mal-estar emocional. O olfato, muitas vezes também é prejudicado na senilidade, mas, não necessariamente. Esses problemas para a percepção de odores ocorrem como processo natural da velhice, mas, vêm associados com outras doenças. Mais uma vez, também vem a interferir nas relações sociais. No envelhecimento, é comum as pessoas se encontrarem menos sensíveis as temperaturas, com dificuldades para perceber a intensidade do frio e do calor, conseqüentemente isso facilita a ocorrência de lesões físicas. Quanto à percepção da dor, não é comprovado que ela se altere com a idade, mas, essa percepção depende bastante da cultura, crença, personalidade, (...).

A percepção é a conseqüência de vários processos envolvidos, influenciados em termos neurofisiológicos, que desenvolvem e transformam os estímulos ambientais. Algumas alterações perceptivas visuais podem trazer dificuldades quanto ao ritmo de realização de alguma tarefa, pois, no decorrer do envelhecimento, as pessoas processam a informação mais lentamente. Entre as dificuldades que interferem de forma significativa na comunicação dos adultos e idosos e na sua interação com os outros e com o mundo são as alterações da percepção auditiva, onde se tem alterações da percepção de conversas muito importantes para interação social, podendo causar diversas conseqüências para sua vida psicossocial, tal como a depressão, o isolamento, a frustração, a ansiedade e as alterações de comportamento, produzindo um grande impacto na vida dos idosos e de seus familiares.

Com o avanço da idade, se tem o aumento da limitação da execução psicomotora, ou seja, lentidão para a execução de uma tarefa, podendo chegar a produzir importantes efeitos na vida diária das pessoas. Acredita-se que essa lentidão seja normal aos idosos, não estando associada a nenhum déficit especifico, por que são vários os mecanismo deterioráveis nessa idade e não somente um, prejudicando a vida normal do idoso, exemplo: passear ou subir escadas. Em geral, parece ter um determinado consenso em considerar que a lentidão tem a ver, especificamente, com os processos que acontecem entre a captação do estimo e a emissão da resposta. Esse choque do processo de lentidão motora pode ser diminuído por meio de atividades concretas, sendo auxiliado por atividades físicas.

Os processos de filtro e de armazenamento têm implicação da atenção e da memória, sendo a atenção definida como a energia ou capacidade necessária para apoiar o processamento cognitivo, sendo um recurso tão eficaz como limitado. Existem três tipos de atenção, a atenção mantida, a dividida e a seletiva; a atenção mantida está relacionada com a detecção de mudanças na estimulação que ocorrem ao logo do tempo durante a realização de uma tarefa. Essa atenção independe da idade, pois, pesquisas demonstraram que os idosos são menos precisos do que os jovens no inicio de um processo de detecção, mais não na evolução ao longo de uma determinada atividade. Na atenção dividida a capacidade dos idosos tem uma queda quando eles têm de prestar muita atenção a várias atividades ao mesmo tempo, e essa diminuição aumenta à medida que se aumente as atividades. Até hoje não se tem nada concreto sobre o declínio dessa atenção. A atenção seletiva tem como função filtrar informações sendo por tanto fundamental no processo de aprendizagem (Plude, Enns e Brodeur, 1994). Só existindo diferença na atenção seletiva entre os grupos de idade, dependendo da natureza da atividade proposta. E em relação à mudança de foco da atenção, é provável que a eficácia com que se realiza diminua com a idade.

Em tratando da memória, não podemos afirmar que ela piora com a idade ou que o esquecimento seja uma conseqüência inevitável ao envelhecimento, por que as pequenas perdas na vida adulta são facilmente compensadas pelo uso de outras estratégias cognitivas como, por exemplo, prestar mais atenção inicial ao material. A ocorrência de alteração da memória na velhice, trás algumas hipóteses explicativas do fenômeno as quais estão centradas em fatores ambientais, déficit o processo da informação e fatores biológicos. A memória pode ser dividida em capacidades e conteúdos. As capacidades são compostas de estruturas: A  memória sensorial (MS), memória de curto prazo (MCP) e a memória de longo prazo (MLP) e processos (codificação, armazenamento e recuperação), já os conteúdos têm a ver com o conhecimento armazenado. As capacidades da memória podem sofrer declínio com a idade enquanto os conteúdos podem aumentar.

Para a maioria dos pesquisadores, sob condições normais, o envelhecimento somente tem pequenos efeitos e sem importância na memória sensorial.

Na memória de curto prazo, o declínio mais pronunciado aparece a partir dos 70 anos. As distinções mais claras entre os jovens e os idosos se manifestam nas atividades em que a MLP intervém para o funcionamento da MCP. Isso ocorre quando a atividade requer muita atenção, flexibilidade mental e processo de reorganização do material. Não conhecendo exatamente as causas da menor eficiência da MCP com o envelhecimento.

Já a ação da memória de longo prazo se mostra claramente afetada pela idade, de modo a apresentar uma significativa diminuição da juventude para a idade adulta e para a velhice. Pesquisadores se esforçaram para identificar as causas da diminuição, para ver em que medida os diversos processos que intervêm na memorização são afetados pelo envelhecimento, resultando que os idosos tem um déficit de codificação em algumas atividades mais exigentes, a capacidade continua intacta, em se tratando da recuperação existem várias evidências, por ultimo existem interações entre a codificação e a recuperação, pois a informação que não for bem codificada e guardada será depois a mais difícil de ser recuperada. A memória autobiográfica tem como particularidade presença mais constante das lembranças agradáveis e alguns períodos da vida são mais lembrados do que outros. A memória retrospectiva se refere às lembranças de acontecimentos realizados, vividos ou gerados. Um fenômeno curioso que acontece durante o processo de envelhecimento é a diminuição da capacidade para diferenciar as lembranças percebidas e geradas.

Ainda existe a memória prospectiva, que tem relação com a atividade que se planeja fazer, sendo confirmado por alguns estudos que os idosos se lembram melhor dos aspectos que planejaram com antecipação do que as pessoas mais jovens.

Nos processos superiores iremos analisar a inteligência, a criatividade e a sabedoria. A inteligência aqui será dividida em fluida e cristalizada, a fluida tem a ver com a habilidade para lidar com situações novas, com as capacidades para perceber ralações, para formar conceitos e para resolver problemas e situações diversas. Já a inteligência cristalizada tem a ver com a aplicação da inteligência fluida aos conteúdos culturais e acadêmicos recebidos ao longo da vida. Para Horn (1976) a inteligência fluida apresenta uma importante diminuição na idade adulta, com uma grande queda na velhice. A cristalizada por sua vez, mantém-se estável e até cresce um pouco na idade adulta e na velhice. As razões do deterioramento da inteligência fluida estariam em diversas causas como a lentidão progressiva da percepção ou a menor disponibilidade dos recursos cognitivos (por exemplo, capacidade de concentração). Embora a inteligência geral diminua um pouco, os idosos podem manter um funcionamento normal nas áreas pessoais, sociais e profissionais.

A criatividade costuma ser associada a inteligência fluida e ao pensamento divergente por representar uma habilidade para oferecer diferentes soluções novas ou criativas para os problemas.

A sabedoria vai além da inteligência e está norteada por valores sociais, éticos e morais. A pessoa sábia é inteligente, mais não necessariamente o contrário. Alguns autores relacionam a sabedoria com uma especial capacidade metacognitiva que tem a ver com um difícil equilíbrio entre o conhecer e o duvidar, ou com uma especial habilidade para detectar os problemas, refletir sobre eles e julgá-los.

Por tanto a sabedoria é uma zona de atividade que pode ser desenvolvida constantemente ao longo do ciclo vital.

Camila Andrade
Integrante LAGERPE

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