segunda-feira, 16 de maio de 2011

Imagem corporal e a "máquina enferrujada pelo tempo" na fase da velhice

Imagem corporal é estruturada pelo modo como o indivíduo pensa em relação ao próprio corpo.

“Imagem corporal é a figuração do próprio corpo formada e estruturada na mente do mesmo indivíduo, ou seja, a maneira pela qual o corpo se apresenta para si próprio” (MATARUNA, 2004). No entanto, para Fisher (1990, p.8) apud Barros (2005, p.548), “A imagem corporal não é só uma construção cognitiva, mas também uma reflexão dos desejos, atitudes emocionais e interação com os outros”. A percepção da imagem corporal reflete a forma como as pessoas vêem e percebem seu próprio corpo, sendo influenciada por inúmeros fatores de origem física, psicológica e cultural. A insatisfação com a própria imagem corporal está relacionada, entre outros fatores, a mudanças físicas e psicológicas decorrente da velhice.

A pesquisa em relação ao corpo que envelhece, de Beauvoir (1990) apud Lago (2005, p.16), afirma que muitas pessoas, tentam iludir aos outros com seus trajes e maquiagem, mas acima de tudo estão tentando convencer a si mesmas que podem escapar da velhice. Aceitar que estamos envelhecendo não é uma tarefa fácil. De forma geral, o ser humano teme a aparência do seu corpo, não aceitando os contrastes entre a juventude e a velhice.

A identidade do idoso em nossa sociedade é construída pela contraposição à identidade do jovem, identificando ainda a oposição das qualidades dos mesmos, jovem e velho: atividade, força, memória, beleza, potência e produtividade.

A velhice também reflete o fato do corpo humano muitas vezes ser comparado com uma máquina, que, com o tempo, vai se desgastando até um dia essa parar de funcionar. Podendo da mesma forma, antes da máquina parar totalmente, ter seus componentes que não mais funcionam substituídos por novos componentes. “Será que somos castigados pelo tempo? Será que o tempo nos devasta como os ventos em dias de tempestade? Enferrujamos pela passagem dos anos? Nossas engrenagens ficam emperradas tornando-nos desengonçados? Funcionamos mal porque nossos componentes estão velhos? Em determinada época, precisaremos ser substituídos pelos mais novos?” (MONTEIRO, 2001, p 83).

A idéia de que o corpo humano é uma máquina, que sempre vai precisar de manutenção, à medida que seu tempo em funcionamento vai aumentando, é um tanto quanto importuna. O corpo é muito mais que essa visão mecanicista de se entender o processo causado pelo tempo no corpo das pessoas. Independente da idade cronológica, os organismos vivos têm sua complexidade e subjetividade, além, dos sentimentos, emoções, pensamentos e também a sua capacidade de se adaptar a ambientes em que tem suas relações que faz do ser humano portador de certa plasticidade social.

Segundo Tavares (2003) apud Secchi et al (2009, p.230), o desenvolvimento da imagem corporal é intimamente ligado à estruturação da identidade no seio de um grupo social.  Outro autor, Schilder (1977) apud Secchi et al (2009, p.230) acrescenta que a preocupação com a dimensão corporal, apresentada pelas pessoas que cercam o indivíduo, interfere de modo fundamental na elaboração da imagem corporal desse indivíduo.  

Camila Andrade
Integrante LAGERPE


BARROS, D. D.; Imagem corporal: a descoberta de si mesmo. História, Ciências, Saúde – Manguinhos, v. 12, n. 2, p. 547-54, maio/ago. 2005.
LAGO, L. P. A Socialização do Idoso e o Movimento Corporal. São Paulo. 2005. Dissertação (Mestrado em Gerontologia)- Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. 
MATARUNA, L. Imagem Corporal: noções e definições. Revista Digital - Buenos Aires, Año 10 - N° 71 - Abril de 2004. Disponível em: http://www.efdeportes.com/efd71/imagem.htm> Acesso em: 20 de Novembro de 2009.
MONTEIRO, P. P. A Beleza do Envelhecer: Caminhos Possíveis. Revista Faculdades Paulista de Serviço Social, ano VI, n.31, p. 6-9.  São Paulo, 2004. Disponível em: <http://pedropaulomonteiro.com/artigos_ciencia3.htm> Acesso em: 21 de Novembro de 2009.
SECCHI, K.; CAMARGO, B. V.; BERTOLDO, R. B. Percepção da Imagem Corporal e Representações Sociais do Corpo. Psic.: Teor. e Pesq., Vol. 25 n. 2, p. 229-236. Brasília. Abr/Jun, 2009.

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